Parlamento Europeu reconhece González Urrutia como "presidente legítimo" da Venezuela

por RTP
Venezuelanos a viverem em Madrid manifestaram-se a 10 de setembro junto ao Parlamento espanhol em apoio ao opositor Edmundo González Urrutia. Foto: Susana Vera - Reuters

Os eurodeputados decidiram esta quinta-feira, em Estrasburgo, reconhecer o opositor Edmundo González Urrutia como "o presidente legítimo e democraticamente eleito da Venezuela". O texto está a ser denunciado pela esquerda e pelo centro do hemiciclo como conluio entre a direita e a extrema-direita.

A resolução não tem qualquer força vinculativa, mas foi aprovada por maioria de 309 votos a 201, com 12 abstenções.

Na resolução aprovada em Estrasburgo, os eurodeputados condenam a “fraude eleitoral orquestrada pelo Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo regime” de Nicolás Maduro.

Assinalam também que as eleições presidenciais de julho “não respeitaram os padrões internacionais em termos de integridade eleitoral”.

O Parlamento Europeu instou a União Europeia e Estados-membros a reconhecerem Edmundo González Urrutia como presidente legítimo da Venezuela e a fazerem “tudo o que for possível” para que o opositor possa “tomar posse a 10 de janeiro de 2025”.

“Nós, venezuelanos, queremos a mesma coisa que os europeus: viver em liberdade e democracia”
, afirmou González Urrutia através da rede social X, numa publicação em que agradeceu ao Parlamento Europeu esta votação.


“Como presidente eleito, agradeço ao Parlamento Europeu por este reconhecimento que me transcende; é o reconhecimento da vontade soberana do povo da Venezuela e a voz estrondosas de uma maioria que exige o respeito pela verdade”, vincou.

Deixou ainda uma mensagem aos venezuelanos, afirmando que “a comunidade internacional continua a aumentar o seu apoio à vontade soberana do nosso povo”.
Socialistas criticam
Na sequência das eleições presidenciais de julho, o presidente Nicolás Maduro foi proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral. A vitória foi depois validada pelo Supremo Tribunal venezuelano. Ambas as instituições foram acusadas de subserviência para com o poder instalado.

A oposição clamou vitória e afirmou que González Urrutia venceu as eleições com mais de 60 por cento dos votos. Na sequência das eleições, esta figura de destaque na oposição foi alvo de um mandado de prisão e pediu asilo em Espanha, tendo deixado a Venezuela a 7 de setembro.

Raphaël Glucksmann, do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D), lamentou que esta resolução tenha sido elaborada e apoiada pelo Partido Popular Europeu (PPE), bem como por dois grupos de extrema-direita: os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e os Patriotas pela Europa (PfE).

“Este ato profundamente preocupante mostra a total ausência de escrúpulos ou renitência por parte dos conservadores em se aliarem a forças políticas contrárias aos valores fundamentais da Europa democrática”, afirmou o eurodeputado francês.

Apesar de ter concedido asilo político a González Urrutia, o executivo espanhol adiantou este mês que não irá reconhecer “para já” a vitória da oposição venezuelana. O Governo de Madrid afirmou que quer dar oportunidade ao surgimento de uma solução negociada para o impasse político na Venezuela para que não se repita o que aconteceu com Juan Guaidó.

Em 2019, o opositor do regime Juan Guaidó declarou-se presidente interino do país, tendo recebido o apoio de vários países. Muitos reconheceram-no mesmo como chefe de Estado da Venezuela. No entanto, essas movimentações por parte da comunidade internacional não surtiram qualquer efeito.

c/ Lusa
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